Associação dos Coreanos pede revisão após inclusão de dorama no português
A Associação Brasileira dos Coreanos, com sede em São Paulo e representando a comunidade coreana no Brasil, expressou descontentamento com a inclusão da palavra dorama no dicionário da língua portuguesa pela Associação Brasileira de Letras.
Eles criticam a decisão preconceituosa, destacando a generalização das produções do leste-asiático, enfatizando que cada obra tem suas características e público específico.
A Associação sublinha os esforços da Coreia do Sul em promover sua cultura após a Guerra e durante a colonização japonesa no início do século 20. Esses esforços são evidenciados em várias formas de expressões culturais, como o K-Pop, séries e gastronomia.
É dorama ou k-drama?
Especialistas no assunto, como a Dra. Yun Jung Im da Universidade de São Paulo e a Dra. Daniela Mazur da Universidade Federal Fluminense, argumentam que o termo dorama não reflete adequadamente a diversidade das produções asiáticas, podendo fortalecer estereótipos e reforçar o orientalismo.
Além disso, elas destacam a importância de respeitar as diferentes culturas e evitar o apagamento cultural em meio ao crescente interesse por produções asiáticas em todo o mundo.
“Dorama é uma palavra niponisada de um termo em inglês, transcrita dessa maneira por força das características fonéticas do silabário japonês, o que não é o caso da escrita coreana, a qual permite transcrevê-la como ‘drama’, i.e., igual ao vocábulo em inglês. Ou seja, quando chamamos os seriados coreanos de K-drama, estamos usando o termo em inglês já transcrito para o coreano, e não o termo original do inglês, como pode parecer. Da mesma forma, existe o termo P-drama para designar as telenovelas filipinas. Por isso, generalizar as produções do sudeste asiático como doramas seria como chamar todos os asiáticos de ‘japa’, contrariando a tendência atual de dar voz às minorias, se é que podemos chamar os dramas coreanos de minoria no quadro atual das produções de streaming no mundo.”
Dra. Yun Jung Im, professora e coordenadora da graduação em Letras
“O uso no Brasil do termo dorama, em japonês, generaliza e apaga indústrias midiáticas asiáticas. Esse apagamento fortalece estereótipos e reforça, assim, o orientalismo. O drama de TV é um formato televisivo realizado em diferentes indústrias da mídia no Leste e Sudeste Asiáticos. Chamar um drama sul-coreano, ou K-drama, de ‘dorama’ é mais uma forma de estereotipar um consumo, além de ativar estruturas históricas de raízes imperialistas. ‘Dorama’ é um neologismo que ainda pode ser combatido, até porque todo este debate não é um preciosismo linguístico, mas sim uma questão séria de apagamento midiático de diversas perspectivas culturais e de profunda carga imperialista de um passado extremamente recente. Vamos respeitar as culturas, especialmente quando somos tão fãs de suas produções.”
Dra. Daniela Mazur, pesquisadora do MidiÁsia
Em resumo, a decisão de incluir dorama no dicionário português é criticada pela Associação Brasileira dos Coreanos e especialistas, que argumentam que essa generalização não leva em consideração as distintas culturas e peculiaridades das produções do leste-asiático. Eles pedem uma revisão da decisão, destacando a importância de respeitar e preservar as diversas perspectivas culturais.
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